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domingo, 31 de outubro de 2010

Obesidade infantil: Sinal de Alerta

O aumento da obesidade observado nos últimos anos tem assumido caráter epidêmico. Diversos estudos ressaltam sua etiologia multifatorial, com influências de fatores biológicos, psicológicos e sócio-econômicos (Oliveira et al., 2003). No Brasil, observa-se aumento da prevalência da obesidade em praticamente todos os estratos de idade e ainda pode-se constatar tendência de concentração entre indivíduos de classes sociais menos favorecidas (Monteiro et al., 2003).

Reconhece-se que a obesidade também é uma manifestação de má-nutrição, relacionada à co-morbidades decorrentes do excesso de gordura corporal. Atualmente, constitui-se em um dos mais graves problemas de saúde pública em todo o mundo, avançando de forma dramática entre crianças e adolescentes, podendo levar ao desenvolvimento de diversas patologias, como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia e síndrome metabólica (Daniels et al., 2005). Além disso, indivíduos obesos, incluindo crianças e adolescentes, freqüentemente apresentam baixa auto-estima, afetando a performance escolar e relacionamentos, conduzindo a conseqüências psicológicas a longo prazo (Abrantes et al., 2003).

Os fatores que poderiam explicar essa tendência de aumento da obesidade parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares (Oliveira et al., 2003). Atualmente é possível observar algumas mudanças no perfil nutricional da população, decorrentes de modificações na estrutura da dieta, o que tem sido denominado de “transição nutricional”. Pode-se observar que as mudanças convergem para uma dieta rica em gorduras (principalmente de origem animal), açúcar e alimentos refinados e reduzida em carboidratos complexos e fibras; além de declínio progressivo da atividade física (Monteiro et al., 2000).

O papel do ambiente familiar aparece de forma bastante marcante no contexto do excesso de peso. Alerta-se que um dos maiores riscos para a obesidade infantil é a obesidade dos pais, considerando-se tanto o estilo de vida quanto a carga genética. Estudos apontam que quando pai e mãe apresentam obesidade a chance da criança ser obesa é de 80%. Em contrapartida, quando nenhum dos pais é obeso a chance é reduzida a 7% (Traebert et al., 2004).
A alimentação a partir dos primeiros anos de vida assume caráter decisivo quanto ao possível desenvolvimento de doenças que poderão comprometer a saúde do indivíduo quando adulto, principalmente por saber-se que o processo aterosclerótico começa a desenvolver-se na infância, período em que as estrias gordurosas, precursoras das placas ateroscleróticas, começam a aparecer na camada íntima da aorta, por volta dos 3 anos de idade, podendo progredir significativamente na terceira e quarta décadas de vida (Romaldini et al., 2004).

Traebert et al. (2004) citam que o risco de uma criança obesa permanecer nesta condição na vida adulta é de 25%, aumentando para 80% quando o excesso de peso se instala durante a adolescência. Desta forma, pode-se inferir que medidas de educação nutricional se tornam cada vez mais decisivas diante dos números alarmantes de sobrepeso e obesidade verificados atualmente, especialmente entre crianças e adolescentes. Cabe ressaltar que o comportamento alimentar tem suas bases fixadas na infância, diretamente influenciado pela família, portanto, a freqüência com que os pais demonstram hábitos alimentares saudáveis influencia o comportamento alimentar dos filhos de maneira positiva e duradoura.


Fonte: Revista Nutrição em Pauta, edição setembro/outubro 2005

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os significados da recusa alimentar da criança


A redução do apetite do pré- escolar, tem explicação fisiológica e pode ser encarada como um fenômeno natural e esperado, desde que não interfira no crescimento ou cause deficiências nutricionais.

No entanto, a recusa de alimentos pode também estar relacionada com fatores orgânicos e/ou comportamentais. Vamos explicar como isso se dá.

Das causas orgânicas, as condições desfavoráveis à aceitação alimentar são: refluxo gastresofágico, problemas respiratórios, alergias, entre outros. Comumente associa-se à deficiência de nutrientes como ferro ou zinco . Essas situações podem ser avaliadas e tratadas com as orientações do médico pediatra em conjunto com outros profissionais, como o nutricionista.

Já a inapetência de ordem comportamental costuma ter origem na dinâmica familiar. Estudos apontam que muitos dos problemas alimentares não dizem respeito ao ato alimentar em si, mas dão decorrentes de conflitos oriundos de relações intrafamiliares.

O momento da refeição se torna, então, a hora ideal para mostrar seus conflitos, angústias e dificuldades, instalando um ciclo vicioso, onde a criança tenta exercer com seu comportamento um tipo de domínio sobre a situação e a família. A criança deixa de comer para chamar atenção, e observa que essa tática funciona. A mãe, temendo que o filho não coma nunca mais, permite que ele consuma alimentos de fácil aceitação, sem nenhuma restrição de horário. A criança “alimentada” desta forma vai recusando seqüencialmente as refeições.

fonte: "O pré- escolar e a comida: entendendo aspectos importantes dessa relação." Por - BiancaBitencourt.

domingo, 17 de outubro de 2010

Obesidade Infantil no Brasil


Fonte: IBGE - Jornal Folha de São Paulo (Caderno Cotidiano 2/Saúde) - 28/08/10

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Orientações para alimentação do pré-escolar

- É necessário estabelecer rotina para a alimentação, por meio de horários definidos e regulares para cada uma das refeições: café da manhã – 8h; lanche matutino – 10h; almoço – 12h; lanche vespertino – 15h; jantar – 19h e, em alguns casos, lanche antes de dormir.

- Evitar ingestão de líquidos no horário da refeição. Podem ser oferecidos após as refeições, de preferência água ou sucos naturais.

- A porção dos alimentos nos pratos deve ser de acordo com a aceitação da criança. O ideal é sempre oferecer pequenas quantidades e perguntar se deseja mais.

- O alimento deve ser servido em temperatura agradável, nem muito quente, nem fria.

- Evitar o máximo o uso de mamadeiras, procure oferecer líquidos em copos.

- Deve-se evitar comportamentos como oferecimento de recompensas, chantagens e brincadeiras para fazer a criança comer, pois reforça a idéia de que a alimentação é ruim e que é preciso oferecer algo bom para que possa suportar. Evite também punições e castigos, pois esse tipo de comportamento pode gerar aversão aos alimentos e assim desenvolver anorexia verdadeira.

- Oferecer alimentos com textura e saber apropriados para a idade, respeitando as preferências individuais sempre que possível. Se a criança recusar sistematicamente determinado alimento, substitua-o por outro, que seja do mesmo grupo de alimentos.

- Incentivar a criança a explorar o alimento, sentindo o cheiro, a textura com as mãos e depois experimentar para conhecer o sabor. A criança só passa a aceitar o alimento após conhecer o seu sabor e isso só ocorre quando, em média, experimenta por oito a nove vezes o mesmo alimento.

- Guloseimas como doces, balas e salgadinhos não devem ser proibidas porque estimularão ainda mais o interesse da criança, mas devem ser consumidos em horários adequados e em quantidades suficientes para que não atrapalhem o apetite na próxima refeição e nem substituí-la.

- Nas refeições, a criança deve estar acomodada a mesa com os demais membros da família, sem fatores que a distraiam como televisão e brincadeiras. A aceitação de novos alimentos costuma se dar por condicionamento social, portanto, é importante a criança observar outras pessoas comendo o mesmo alimento que ela.

- Caso o pré-escolar mostre-se inapetente, verificar o que está sendo consumido entre as refeições.


Fonte: SILVA, S.M.C; MURA, J.D.P. Tratado de Alimentação, Nutrição & Dietoterapia, 2007.